As propriedades físicas dos minerais, que podem ser utilizadas para identifica-los e classifica-los, são:
MORFOLOGIA DE MINERAIS E AGREGADOS DE MINERAIS
HÁBITO: o termo hábito é usado para designar a forma externa de um cristal de determinado mineral, ou do agregado constituído por este e por outros. Desta forma, o hábito pode refletir a estrutura interna do mineral (cubo, romboedro, prisma, etc.); irregularidades de seu crescimento (capilar, fibroso, esqueletiforme, etc.) ou o arranjo que o conjunto de cristais constituem (fibro-radial, geodo, drusa, etc.), refletindo o ambiente de sua formação. Os principais termos utilizados para descrever o hábito dos minerais são:
Hábito de cristais individuais:
Hábito de agregados de cristais:
Hábito de uma miscelânea de agregados de cristais:
CLIVAGEM: Diz-se que um mineral possui clivagem quando, aplicando-se uma força adequada, ele sempre se rompe de modo a produzir superfícies planas, lisas definidas e paralelas entre si e a planos reticulares, ou seja, a possíveis faces do cristal. A clivagem pode ser perfeita como nas micas, mais ou menos indistinta como no berilo e na apatita, ou faltar de todo como em alguns cristais. Na descrição de uma clivagem deve-se indicar sua qualidade, facilidade de produção e direção cristalográfica. Se expressa a direção pelo nome ou pelos índices de forma a que a clivagem é paralela:
A qualidade se expressa como perfeita (calcita, fluorita), boa (feldspatos, anfibólios), regular (epidoto), indistinta (olivina) etc.
PARTIÇÃO: A partição é quando um mineral, ao ser submetido a uma dada tensão, pressão ou impacto, se rompe em superfícies planas paralelas a estruturação interna do mesmo, em função de menor resistência estrutural disposta paralelamente a determinadas formas do mineral, decorrentes de “defeitos”, segregações ou geminações ocorridas durante e/ou após a formação do mineral. Este fenômeno assemelha-se à clivagem, mas ao contrário da clivagem não ocorre em todos os exemplares de um determinado mineral, ou seja, não é característica que sempre está presente, vai depender de desequilíbrios cristaloquímicos e/ou deformações, portanto da história de formação do mineral. Ocorre em cristais geminados (especialmente os geminados polissintéticos), nos que tiveram desmisturação (exsolução) ou que tenham desenvolvidos planos de fraqueza em função de esforços tectônicos, que atuaram durante ou posteriormente à sua formação. Nestes espécimes, há somente certo número de planos em uma determinada direção ao longo da qual o mineral se romperá.
FRATURA: Entende-se por fratura de um mineral a maneira pela qual ele se rompe quando isto não se produz ao longo de superfícies de clivagem ou de partição. Os termos seguintes usam-se comumente para designar as diferentes espécies de fratura:
TENACIDADE: é a resistência que um mineral oferece ao ser rompido, esmagado, curvado ou rasgado, ou seja, sua coesão. Os termos a seguir são usados para descrever as várias espécies de tenacidade observada nos minerais:
DUREZA: A dureza de um mineral é geralmente definida como a sua resistência ao risco ou corte, ou seja, é a resistência que sua superfície lisa oferece ao ser riscado. O grau de dureza é determinado, observando-se a facilidade ou dificuldade relativa com que um mineral é riscado por outro. Uma precisão qualitativa lhe foi dada pelo mineralogista austríaco Mohs em 1822, que propôs a seguinte escala de dureza relativa:
Dureza |
Mineral padrão para comparação |
Composição |
Agentes simples para comparação |
1 | Talco | Mg3Si4O10(OH)2 | palito de fósforo = (1 – 2) |
2 | Gipsita | CaSO4.2H2O | unha = (2 – 2,5) |
3 | Calcita | CaCO3 | moeda de cobre = (3) |
4 | Fluorita | CaF2 | |
5 | Apatita | Ca5(PO4)3(F,Cl,OH) | canivete de aço comum = (5,2),
vidro = (5,5) |
6 | Ortoclásio | KalSi3O8 | aço de lima = (6,5) |
7 | Quartzo | SiO2 | porcelana comum (6,5 – 7) |
8 | Topázio | Al2SiO4(F,OH)2 | porcelana de alta alumina (8,5 – 9) |
9 | Coríndon | Al2O3 | |
10 | Diamante | C |
DENSIDADE RELATIVA: A densidade relativa (dr) de um mineral é um número que expressa a relação entre seu peso e o de um volume igual de água a 4°C. Se um mineral tem 2 por densidade relativa, isto significa que um espécime dado deste mineral pesa duas vezes mais que o mesmo volume de água. A densidade relativa de um mineral é característica, de importância fundamental e é altamente constante para espécimes do mesmo mineral, se este é puro, desprovido de cavidades, inclusões e essencialmente constante em composição. De acordo com a densidade os minerais são classificados como:
TRAÇO: é a cor do pó fino que um mineral deixa ao ser esfregado em uma superfície mais dura. Este pode ser determinado esfregando-se o mineral sobre uma peça de porcelana de cor branca, não polida (dureza ~7). A cor do pó pode ser idêntica à do mineral ou bem diferente, podendo variar quanto à intensidade e mesmo matiz da cor, na dependência de variação na composição dos espécimes que exibem solução sólida. Embora a cor de uma mineral seja frequentemente variável, o seu traço tende a ser relativamente constante, e portanto é uma propriedade extremamente útil na identificação do mineral.
LUMINESCÊNCIA: é qualquer emissão de luz produzida por um mineral que não seja resultado direto de incandescência. Este fenômeno pode ser produzido de várias maneiras. Na maioria dos casos a luminescência é muito fraca (tênue), sendo melhor observada somente no escuro. Os tipos de luminescência são:
FUSIBILIDADE: fusibilidade corresponde a maior ou menor facilidade de um mineral sofre fusão ao ser aquecido. Para observar a fusão devem ser utilizados fragmentos pontiagudos, que dever ser introduzidos na chama justamente além da extremidade do cone interno. Se ele se funde e se arredonda, perdendo seu contorno nítido, diz-se que é fusível na chama da vela, bico de Bunsen ou maçarico. Dessa maneira, os minerais dividem em duas classes: fusíveis e não fusíveis, sendo que os minerais fusíveis podem ser classificados de acordo com a facilidade de que se fundem, entretanto deve-se ressaltar que para esses ensaios comparativos é necessário usar fragmentos do mesmo tamanho e serem uniformes as condições de ensaio. Os graus de fusibilidade são classificados pela escala de von Kobell:
E.F. |
T ºC | Observações |
Exemplo |
1 | 525ºC | Funde-se facilmente na chama (mesmo na chama de vela). | estibinita |
2 | 800ºC 965ºC | Funde-se facilmente na chama de maçarico, mas dificilmente na chama do bico de Bunsen ou no tubo fechado. A calcopirita no tubo fechado sofre decriptação. | calcopirita ou natrolita |
3 | 1.050ºC | Funde-se facilmente na chama de maçarico, mas é infusível na chama do bico de Bunsen ou no tubo fechado. As lascas finas apenas são arredondadas nas pontas na chama do bico de Bunsen. | almandina |
4 | 1.296ºC | As extremidades finas fundem facilmente na chama de maçarico, mas dificilmente fragmentos maiores se fundem. | actinolita |
5 | 1.300ºC | Funde-se nas extremidades com dificuldade na chama de maçarico, fragmentos maiores não fundem. | ortoclásio |
6 | 1.400ºC | Somente as extremidades finas fundem e se tornam arredondadas na chama de maçarico. | bronzita |
7 | >1.400ºC | Infusível (não funde na presença da chama de maçarico). | quartzo |
MAGNETISMO: É a propriedade dos minerais de serem atraídos por um imã, sendo muito poucos os minerais que são naturalmente atraídos ou repelidos por um imã comum, apresentando-se de forma notável apenas nos minerais: magnetita, pirrotita e ilmenita. É muito útil para a determinação de alguns minerais, para a orientação no planeta, na prospecção e beneficiamento de minérios. Quanto à intensidade do magnetismo, os minerais podem ser:
PIEZELETRICIDADE: Um cristal é piezelétrico quando desenvolve uma carga elétrica na sua superfície, ao se exercer uma pressão nas extremidades de um de seus eixos. Tal propriedade somente pode ser mostrada por minerais que cristalizam em classes de simetria a que falta um centro da mesma, tendo, assim, eixos polares (existem vinte e duas classes que permitem isso). O quartzo é provavelmente o mineral piezelétrico mais importante (devido a sua abundância), pois uma pressão extremamente leve, paralelamente a um eixo a (qualquer um dos três eixos a), pode ser revelada pela carga elétrica produzida.
PIROELETRICIDADE: Chama-se piroeletricidade o desenvolvimento simultâneo de cargas elétricas (+ e -) nas extremidades opostas de um eixo do cristal, sob condições adequadas de alteração de temperatura . A piroeletricidade primária ou verdadeira é observada em cristais que pertencem às dez classes cristalinas que possuem um único eixo polar c.
RADIOATIVIDADE: Minerais radioativos são aqueles que emitem radiação devido a presença de elementos radioativos, tais como U e Th, em sua composição (ex. uraninita – UO2, coffinita – U(SiO4)1-x(OH)4x) . As propriedades radiativas são de grande importância uma vez que servem para a datação de rochas, minerais e processos geológicos, geração de energia, mapeamentos, prospecção mineral e também para a determinação de minerais. Os minerais apresentam tipos e intensidades variáveis de radiatividade, na dependência do tipo e quantidade de elementos radioativos.
SOLUBILIDADE: solubilidade de uma substância é a quantidade da substância que se dissolve em determinado peso ou volume de solvente (isto é, produto ou fase que dissolve) . A solubilidade de uma substância sólida depende da natureza do solvente e do soluto, da concentração do solvente e das condições de pressão e temperatura.
DELIQUESCÊNCIA: é o fenômeno pelo qual alguns minerais podem absorver a umidade do ar atmosférico e dissolver-se aos poucos pela água absorvida.
DESIDRATAÇÃO: é o fenômeno físico-químico pelo qual alguns minerais perdem a água de cristalização (ou a água de constituição, que é a água que participa, faz parte da estrutura cristalina dos minerais, na forma de H2O e não (OH), ocupando lugares específicos na estrutura). Por este processo, minerais hidratados se transformam em variedades ou espécimes menos hidratados ou desidratados, que frequentemente aparecem como pó branco, ou de cores mais claras, na superfície dos minerais pretéritos, em contato com a atmosfera.
HIGROSCOPIA: é o fenômeno físico-químico que ocorre em alguns minerais, que têm a capacidade de absorver a umidade do ar.
SABOR: alguns minerais apresentam sabor característico quando colocados na boca em função de suas solubilidades em água. Estes minerais apresentam normalmente sabor salgado, adstringente ou ácido.
EFLORESCÊNCIA: é o fenômeno físico-químico formado pela dissolução de minerais ou componentes solúveis de rochas ou material artificial (concreto, cimento, telha, tijolos, etc.) por água de infiltração, conata ou de formação, que por movimento capilar das soluções, causada por evaporação e/ou compactação trazem até a superfície, ou até poros próximos à superfície, o produto de solubilidade. Com a evaporação da água os elementos químicos dissolvidos são depositados na forma de pó, cristais aciculares, fibrosos ou granulares, minúsculos ou grandes na dependência das condições ambientais e do tempo.