Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert

Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert

Estruturas de Rochas Ígneas

Estruturas magmáticas são feições globais observadas nas rochas, que não dependem dos tipos de minerais que as compõem, e dão evidências das condições nas quais ocorreu o resfriamento e a consolidação de magmas e lavas. As principais estruturas estão ligadas ao resfriamento, à movimentação do magma e às variações locais nas condições de cristalização.

 

ESTRUTURAS DE ROCHAS VULCÂNICAS

Como rochas efusivas são originárias de magmas (ou lavas) que se consolidam em superfície, em contato com o ar e, em alguns casos, com corpos d’água. Sendo assim, são caracterizadas por resfriamento relativamente rápido, o que gera estruturas típicas da cristalização quase instantânea das fases minerais presentes. Além disso, magmas que chegam a extravasar para a superfície costumam ter alto conteúdo de fases voláteis que, após o alívio da pressão em que estavam confinados antes do extravasamento, se desmisturam rapidamente do fluido magmático e geram frequentes estruturas de escape. A última característica comum em rochas efusivas são estruturas que preservam as feições de movimentação deste magma enquanto se consolida. As principais estruturas de rochas efusivas são:

 

  • Vesicular: cavidades com aspecto de “bolhas aprisionadas” na rocha, que costumam concentrar-se principalmente no topo de derrames, por representarem a região com menor pressão e menor temperatura dentro da lava extravasada, em contato direto com a água ou o ar.
  • Amigdaloidal: cavidades, assim como as vesículas, preenchidas por minerais secundários de baixa temperatura relacionados à cristalização de fluidos ricos em íons aprisionados no interior de um derrame.
  • Escoriácea: estrutura de desgaseificação do magma em rochas efusivas que sofreram processo de solidifação muito rápido, gerando uma massa essencialmente vítrea contendo uma concentração muito grande de vesículas, típica de topos de corridas de lavas e de alguns tipos de piroclastos.
  • Celular: estrutura do tipo escoriácea, em que as cavidades possuem tamanhos e formas regulares, bastante próximas, assemelhando-se a aglutinados de células.
  • Ocelar: estruturas também arredondadas ou elípticas formadas pela cristalização de líquidos imiscíveis com o líquido magmático original, gerando “gotas” de composição distinta dispersos pela rocha.
  • Cordada: estrutura comum em topos de derrames de lavas, em que há o resfriamento e a consolidação da superfície, “repuxando” e “retorcendo” à medida que a parte inferior, ainda parcialmente fluida, se movimenta lentamente, gerando estruturas em forma de cordas retorcidas, também denominadas pahoehoe.
  • Fluidal: comum em derrames, são dadas pela orientação de materiais planares de acordo com a direção de fluxo das lavas durante a consolidação, quer sejam estes minerais tabulares, prismáticos ou planares, relictos de rochas retiradas do assoalho que se orientam, ou mesmo a forma alongada e orientada de um conjunto de vesículas.
  • Fratura conchoidal: regiões de ruptura dos vidros vulcânicos ou de rochas de granulação densa ou muito fina; são arredondadas, côncavas, com dimensões variáveis e apresentando superfícies mais ou menos lisas e brilhantes, de acordo com a quantidade de vidro presente na rocha.
  • Perlítica: feições esféricas na rocha semelhantes a pérolas, resultantes da desvitrificação de material vulcânico gerado a partir de resfriamento rápido, secundária e posterior à sua solidificação.
  • Compacta: estrutura predominante nas rochas ígneas, aquela em que a massa de cristais é distribuída homogeneamente, sem feições especiais ou que se destacam à vista.
  • Esferulítica: concentração de estruturas arredondadas cujo material de preenchimento apresenta-se como acículas dispostas radialmente a partir de um núcleo, e são formadas pelo resfriamento rápido localizado do fluido magmático.
  • Almofadada: típico de lavas que se consolidaram em ambiente subaquático, em que o contato da lava com a água gera um resfriamento super-rápido da camada externa, numa forma de gota ou almofada, enquanto o interior progressivamente se resfria. gerando uma crosta vítrea na parte externa e cristais progressivamente maiores, embora ainda muito pequenos, nas partes internas. Isto pode gerar fraturas radiais concêntricas, que seguem a geometria da “almofada”.

ESTRUTURAS DE ROCHAS PLUTÔNICAS

As rocha plutônicas são formadas pela solidificação do magma em subsuperfície, o que lhes confere maior tempo para resfriamento, limita a movimentação do líquido magmático e pode gerar diferenças significativas de acordo com a posição relativa das diferentes porções do magma no interior da câmara magmática. Neste sentido, as estruturas ligadas ao resfriamento serão caracterizadas por cristais maiores e mais bem formados, e as estruturas ligadas à movimentação se concentrarão principalmente nas bordas do corpo ígneo, onde há maior e mais rápida transferência de temperatura com as rochas encaixantes, facilitando a solidificação e a preservação das estruturas de fluxo. As principais estruturas de rochas plutônicas são:

 

  • Compacta: assim como nas rochas vulcânicas, é a estrutura predominante, como uma massa de cristais distribuída homogeneamente, sem feições especiais ou que se destacam à vista; no caso das rochas plutônicas, entretanto, os cristais costumam ser maiores do que nas rochas vulcânicas.
  • Miarolítica: geralmente encontrada em rochas ácidas de colocação rasa, é caracterizada pela presença de bolhas aglutinadas com dimensões centimétricas a decimétricas, cujo molde interno é recoberto por cristais euédricos idênticos aos da rocha em que se encontram.
  • Fluidal: a estrutura fluidal de rochas plutônicas pode se desenvolver nas bordas das câmaras magmáticas, onde pode ocorrer a movimentação por correntes de convecção no próprio fluido magmático e, pela transferência de calor entre estas regiões e as rochas encaixantes, serem preservadas feições que representam o sentido de fluxo no interior da câmara. A estrutura fluidal em rochas plutônicas também pode ser tipificada pela orientação de megacristais de acordo com espirais mais ou menos regulares formadas pelo turbilhonamento do magma em fluxo laminar.
  • Xenolítica: estrutura que consiste na presença de fragmentos de rochas diversas englobadas pelo magma plutônico em sua movimentação ou ascensão, podendo consistir em fragmentos das rochas encaixantes ou de rochas encontradas pelo caminho com composições muito distintas daquela encontrada na rocha magmática em si.
  • Bandada: sucessão de diferentes litologias em geometria aproximadamente planar em um corpo magmático diferenciado, gerando estratos de diferentes composições com dimensões desde milimétricas até métricas.
  • Schlieren: estrutura em que há a formação de lentes com maiores concentrações de minerais máficos ou félsicos em relação à composição geral da rocha, orientadas de acordo com a direção do fluxo magmático.