Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert

Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert

Texturas de Rochas Metamórficas

A textura das rochas metamórficas é constituída pelo tamanho relativo e absoluto dos grãos minerais, sua forma, distribuição, forma dos contatos e orientação; e é determinada pela natureza dos seus minerais constituintes, pelo grau de recristalização e pelo tipo de metamorfismo que o gerou.

 

As principais texturas encontradas em rochas metamórficas são:

Granoblástica: formada essencialmente por minerais equidimensionais que se agregam uns aos outros sem conferir a rocha orientação preferencial. Dado esta característica não reflete bem durante a sua formação os esforços que possivelmente atuarem nesta ocasião. Ocorrem normalmente em rochas de estrutura maciça. Dentre as texturas granoblásticas destacam-se:

  • Poligonal ou Mosaico ou de Calçamento: Neste caso os cristais exibem formas poligonais mais ou menos regulares, com contatos retilíneos, frequentemente formando pontos tríplices com ângulos de 120º. Por causa deste aspecto esta textura também é chamada de equilíbrio.
  • Decussada: Formada por cristais prismáticos subédricos a anédricos justapostos, normalmente de uma única espécie mineral, com contatos retilíneos, frequentemente formando pontos tríplice com ângulos de 120º, com ou sem orientação dimensional.
  • Denteada ou Engrenada: Quando cristais aproximadamente equidimensionais exibem contornos irregulares, denteados, ou serrilhados encaixando-se mutuamente como se fossem engrenagens irregulares.
  • Suturada ou Lobulada: Quando os cristais aproximadamente equidimensionais exibem contornos irregulares, dominantemente lobulados encaixando-se mutuamente.
  • Alongada: Quando existe uma orientação preferencial comumente acompanhada de uma orientação preferencial de estrutura cristalográfica.
  • Inequigranular Bimodal: Quando a frequência de distribuição dos tamanhos dos cristais forma dois máximos de concentração, portanto apresentando bimodalidade, de maneira que grandes grãos de mais ou menos o mesmo tamanho ocorrem em uma matriz equigranular de grão mais fino. Pode ser poligonal, engrenada, lobulada ou alongada.
  • Inequigranular Seriada ou em Série: Quando a distribuição da frequência de tamanho do grão é tal que representa uma gradação completa do mais fino ao mais grosso, sem hiatos na distribuição. Pode ser poligonal, engrenada, lobulada ou alongada.

Lepidoblástica: Caracteriza-se pela presença de minerais placóides arranjados paralelamente ou sub-paralelamente. Associa-se a rochas de estrutura xistosa.

Nematoblástica: Textura formada por minerais prismáticos, fibrosos ou colunares que se arranjam paralelamente ou sub-paralelamente.

Porfiroblástica: É caracterizada pela presença de grandes cristais em meio a uma matriz formada por cristais de dimensões menores. Na literatura, considera-se que a relação de diâmetro médio entre cristais grandes e pequenos deve ser no mínimo de 5 a 10 para 1.

Poiquiloblástica: É quando o porfiroblasto, como definido acima, possui inúmeras inclusões. De acordo com a distribuição destas inclusões podemos ter as seguintes denominações:

  • Textura em peneira: Quando as inclusões não obedecem nenhuma orientação.
  • Textura helicítica: Quando as inclusões estão orientadas desenhando dobras e aspectos de foliações anteriores.
  • Textura Bola de Neve (snow ball): Quando as inclusões estão orientadas, com padrão “S” ou “Z” ou concentricamente evidenciando rotação do porfiroblasto sin-tectonicamente. Essa textura é chamada também de rotacional.

Porfiroclástica: O termo utilizado para descrever a textura de rochas intensamente deformadas onde sobressaem grandes fragmentos, no mínimo com diâmetro 10 vezes maior que o diâmetro dos cristais da matriz.

Maculada: Este termo é classificado ora como textura ora como estrutura, de acordo com a opinião do autor. A textura maculada é mais comumente empregada para rochas de baixo grau, onde porfiroblastos incipientes (andaluzita, cordierita, granada, etc.), agregados ovoides de mica de granulação mais grossa, ou segregação de matéria carbonosa e outras impurezas, ocorrem como “manchas” dispersas em meio a uma matriz de granulação mais fina, originando, por exemplo, denominações como ardósias ou xistos mosqueados. Este termo também é aplicado para rochas porfiroblásticas.

Palimpsética ou reliquiar: É empregada quando a deformação e a recristalização sobre as rochas anteriores não foram ainda suficientes para destruir totalmente as texturas primárias, sendo ainda possível o reconhecimento da textura anterior. Dentro deste grupo as principais texturas são:

  • Blastopsefítica: Vestígios de texturas conglomeráticas.
  • Blastopsamítica: Vestígio de textura arenosa.
  • Blastopelítica: Quando existe vestígios de textura pelítica (rocha argilosa).
  • Blastofítica: Vestígio de textura ofítica.
  • Blastoporfirítica: Vestígio de textura porfirítica.
  • Blastoamigdaloidal: Quando existe vestígio de amígdalas.
  • Blastointergranular: Quando existe vestígio de textura intergranular.
  • Blastogranular Hipidiomórfica: Apresenta vestígio de textura granítica granular hipidiomórfica;
  • Blastointersertal: Contém claras evidências de textura pretérita intersertal, comum em rochas basálticas.
  • Blastogranofírica: Existem restos de textura micrográfica ou granofírica, textura gerada pelo crescimento simultâneo do quartzo e feldspato no ponto eutético.

Cataclástica: Termo utilizado para descrever textura de rochas submetidas a deformação cataclástica forte, sem a presença de uma matriz foliada. Caracterizada por intenso micro falhamento e fraturamento, sem nítida orientação preferencial, gerando fragmentos, normalmente angulosos, de todas as dimensões, parcialmente ou não recristalizados, com ou sem neomineralização associada.

Mortar ou moldura ou argamassa: Quando existem cristais grandes, normalmente com forma ocelar, envoltos por grandes quantidades de cristais finíssimos, produzidos por fragmentação e/ou recristalização destes.

Flaser: Aplica-se a rochas em que lentes e cristais estirados, geralmente quartzo ou feldspato, muitas vezes com extinção ondulante, são separados por bandas de material finamente cristalizado, normalmente puro. Cristais ovoides, em geral feldspato ou minerais máficos, podem ocorrer dentro da matriz como megacristais facoidais, ao redor dos qual a foliação se acomoda.

Milonítica: Utilizada para rochas submetidas a forte deformação cataclástica, portadoras de nítida orientação, gerada por minúsculos cristais alongados e lâminas delgadas de material finamente granulado, que se anastomoseiam entre clastos maiores, gerando uma estrutura de fluxo. A neomineralização, e principalmente a recristalização, normalmente é mais intensa que da textura cataclástica e a granulometria média da matriz recristalizada ou neomineralizada é inferior a 100µm.

Blastomilonítica: Utilizada para rochas submetidas a forte deformação plástica, com forte orientação dimensional e/ou cristalográfica e estrutura de fluxo gerada por agregados de granulação menor, que se anastomoseiam entre porfiroclastos e agregados com granulação maior. A neomineralização e recristalização são intensas, as feições de assimetria são frequentes e a granulometria média da matriz recristalizada ou neomineralizada é superior a 100µm.

Ultramilonítica: Este termo seria empregado em casos onde a trituração extrema tivesse reduzido a rocha original a granulação finíssima, com poucos porfiroclastos e estruturação maciça a laminar/fitada, com estrutura de fluxo ao microscópio.

Exsolução: Estrutura que ocorre quando uma solução sólida inicialmente homogênea separa-se em duas ou mais fases cristalinas sem mudança na composição global. Normalmente é um processo associado a queda de temperatura (em rochas ígneas ou mesmo em rochas metamórficas de alto grau). Utiliza-se o termo pertita quando a exsolução é constituída por feldspato sódico (albita) “hóspede” em feldspato potássico (hospedeiro); o termo anti-pertita refere-se a relação contrária entre os feldspatos; o termo meso-pertita é usado quando a relação “hóspede” (feldspato K) e “hospedeiro” ocorrem em quantidades proporcionais.

  • Mirmequita é o termo usado para intercrescimento de quartzo vermicular em lóbulos de plagioclásio, normalmente no contato com feldspato potássico (os lóbulos normalmente invadem o feldspato potássico). A dimensão desta estrutura comumente é da ordem microscópica; esta feição é comum em rochas ígneas e metamórficas de alto grau, principalmente como produto de reação entre o feldspato potássico e plagioclásio sódico, com o consumo do potássico durante o retrometamorfismo.
  • Simplectita é o termo usado para intercrescimento de dois minerais, no qual um é “hospedeiro” e o outro é “hospede”, e ocorre na forma de vermes, plumas ou cuneiforme, resultante de reações retrometamórficas, em vários casos de descompressão.

Coronas/coroas: Se dois minerais A e B em uma rocha reagem para formar novos minerais, estes podem formar reações de bordas isoladas ao longo do limite do grão de A e B. Quando um mineral A é substituído por outro mineral ao longo de sua borda externa, ou se ele reagir com um mineral B que é abundante na matriz ao redor, as novas fases cristalinas formados podem formar uma coroa (corona) em forma de anel ao redor de A. As texturas coroníticas são auréolas de minerais metamórficos que se formam em torno dos cristais de outros, em consequência de reações entre os minerais envolvidos pelas coroas, com os outros da matriz da rocha.

Pseudomorfos: Estrutura decorrente da substituição quase que completa ou completa de um mineral A por novo mineral B ou por agregados de minerais novos C + D + …., preservando a forma e/ou relictos do mineral que foi totalmente ou parcialmente destruído.

 

Existem ainda muitos outros termos para descrever texturas metamórficas, tais como: cimento, pente, dendrítica, emulsão, granofírica, heteroblástica, idioblástica, xenoblástica, mesh, mimética, nodular, sieve, esferulítica, web, pegmatítica, gráfica ou granofírica, reação, ice cake, hour-glass, bow-tie, etc.