Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert

Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert

Estruturas de Rochas Metamórficas

As estruturas observadas em rochas metamórficas podem ser tanto primárias (aquelas desenvolvidas antes do metamorfismo) quanto secundárias (que são decorrentes de processos de deformação, durante o metamorfismo). Das estruturas observáveis em rochas metamórficas, as mais importantes são: i) foliação; ii) lineação.

 

Foliação

O termo foliação pode ser utilizado para designar qualquer superfície planar penetrativa definida por descontinuidades, orientação preferencial dos minerais planares, agregados laminares ou alguma combinação dessas estruturas, normalmente produzidas durante o metamorfismo existente em rochas deformadas ou não. Nesse contexto, a foliação pode ser usada para se referir ao acamamento/estratificação rítmica em rochas sedimentares, para bandamento composicional ígneo, para estruturas de fluxo magmático ou para xistosidade, clivagem ou outras estruturas planares em rochas metamórficas.

O termo foliação primária (primary foliation) é usado para estruturas relacionadas aos processos originais de formação de rochas (estruturas primárias), como, por exemplo, bandamento composicional ígneo ou acamamento sedimentar. Para estruturas resultantes de deformação e metamorfismo geradas posteriormente à formação da rocha (por exemplo, pós-litificação em sedimentos e pós-cristalização e emplacement em rochas ígneas) são referidas como foliações secundárias (secundary foliation) que abrange clivagem, xistosidade, foliação milonítica, etc.

 

Tipos de foliação

Os principais tipos presentes na literatura são:

 

  • Estratificação sedimentar (So): superfícies que limitam “leitos” caracterizados por uma mudança de composição ou de tamanho do grão.
  • Foliação diagenética: formada por processos diagenéticos e de sedimentação. Também se refere as camadas paralelas, normalmente observadas em rochas de grau metamórfico muito baixo e em sedimentos pelíticos de baixo grau que não foram submetidos a processos deformacionais, excluindo-se a compactação causada pelo peso dos estratos sobrepostos.
  • Clivagem ardosiana: estrutura planar, penetrativa em todo o material da rocha, homogêneo até a escala do grão, existente em rochas de baixo grau metamórfico de granulação fina, quase afanítica, de dimensões micrométricas, formando pela orientação preferencial de grãos planares, arranjados de forma a constituir planos de clivagem, com equidistância microscópica a submicroscópica, às vezes, limitado pela dimensão do grão.
  • Clivagem de fratura: é definida como uma clivagem formada por microfalha, fraturas ou trilhas de minerais opacos, que se dividem, dividindo a rocha em uma série de corpos tabulares a colunares com terminações agudas (micrólitos), dentro dos quais outras superfícies, se presentes, são essencialmente planares. Existe uma tendência de denominar esse tipo de estrutura de clivagem espaçada em substituição ao termo clivagem de fratura.
  • Clivagem de crenulação: são superfícies bastante variadas morfologicamente, que aparecem sempre cortando e transpondo uma clivagem anterior que está dobrada em microescala (crenulada). Portanto se desenvolve em microdobras que antecedem a foliação, sendo definida pelos planos axiais dessas microdobras ou por superfícies de descontinuidade, normalmente acentuadas por trilhas de óxido de ferro micro granular.
  • Estratificação diferenciada (bandamento tectônico ou metamórfico): Normalmente usa-se o termo estratificação diferenciada, bandamento metamórfico ou bandamento tectônico, quando descontinuidades (estratos, bandas) são contínuas e visíveis a olho nu, uma vez que a diferença, em vários casos, entre este tipo de foliação e os outros mencionados acima, é somente um problema de escala. Nas rochas submetidas a grau médio a alto de metamorfismo, esta diferenciação é denominada de estratificação gnáissica ou bandamento gnáissico (gnaissic layering); porém, cabe ressaltar que a estratificação gnáissica pode refletir o acamamento sedimentar, parcialmente ou não modificado; portanto existe a possibilidade de nem todas as estratificações gnáissicas serem formadas por diferenciação.
  • Xistosidade: como xistosidade são englobadas todas as estruturas nitidamente planares existentes em rochas de granulação mais grossa, grãos limitáveis a olho nu.
  • Foliação de transposição, clivagem transposta ou estratificação de transposição: Usa-se esta denominação quando uma rocha com estratificação sedimentar ou bandamento metamórfico, ou ainda outras foliações, é submetida a um processo de dobramento isoclinal, de intensidade tal, que as charneiras são destruídas, restando apenas alguns ápices espessados e com flancos rompidos (dobras intrafoliares) atestando tal processo.
  • Foliação Milonítica: É a foliação que aparece em rochas submetidas a elevadas taxas deformacionais (milonitos e ultramilonitos), onde aparece uma rede de fraturas e/ou cordões de material finamente granulado, que se unem e se dividem em ângulos agudos envolvendo clastos e porfiroclastos, ou porções menos deformadas; gerando um padrão anastomosado, bem orientado, com aspecto de fluxo.

Lineação

A lineação é definida como uma feição linear que ocorre penetrativamente em rochas, podendo ser subordinada à foliação aparecendo como arranjo linear difuso no plano da foliação (tectonitos S a S-L), ou ser o elemento dominante na estruturação da rocha, onde é difícil de reconhecer a foliação, aparecendo isotropia ou apenas leve anisotropia em corte perpendicular à linearidade (tectonitos L a L-S). Os principais tipos de lineações são:

  • Lineação de interseção: é formada pela interseção de superfícies planares.
  • Lineação de crenulação: é definida por linhas formadas por micro dobras (eixos de dobras) em um plano de foliação.
  • Lineação de estiramento: é definida por grãos deformados, encurtados e/ou alongados de minerais, como por exemplo o quartzo, que normalmente forma grãos equidimensionais ou ribbons ou por agregados lineares de grãos equidimensionais ; também pode ser definida por seixos, oólitos etc. deformados.
  • Lineação mineral: é definida pela orientação preferencial de minerais euédricos ou subédricos, normalmente prismáticos ou alongados segundo um eixo cristalográfico, como anfibólios, turmalina ou sillimanita, ou por minerais placoides (planares), como micas.