Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert

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Blog

06/04/2018

Gipsita, Água e Marte

 

por Isabella de Oliveira Franco

 

O mineral hidratado pode ajudar os cientistas a entenderem a história dos ambientes úmidos no planeta vermelho.

 

No ano de 2011 o Jipe de exploração da NASA, Opportunity, encontrou um veio do mineral gipsita na superfície de Marte, mesmo tendo sido encontradas dunas do mineral anteriormente no planeta, a descoberta em questão é extremamente importante pelo fato de o mineral estar em seu local de formação, ao contrário das dunas em que a areia de gipsita foi depositada pelo vento, desconhecendo-se sua origem.

 

Imagem do veio de gipsita de aproximadamente 2cm de largura e 50cm de comprimento encontrado em Marte pela NASA. Crédito: NASA/JPL-Caltech/Cornell/ASU

Mas o que tem a ver com água?

O mineral gipsita é um sulfato de cálcio hidratado (CaSO4·2H2O) geralmente incolor a branco pertencente ao sistema monoclínico, sua estrutura é formada por camadas alternadas de sulfato de cálcio e uma camada dupla de água unidas por uma ligação fraca de hidrogênio.

Na Terra, o mineral é encontrado de forma abundante e é usado para fabricação, majoritariamente, de gesso e fertilizantes (Acesse a ficha completa do mineral em Gipsita).

O fato curioso e importante para o avanço do estudo da história de marte é a relação da gipsita e a água. A gênese do mineral está estritamente ligada a ambientes úmidos e além de a composição estrutural do mesmo conter água, a gipsita tem a capacidade de adsorver a molécula de H2O, ou seja, são diversas as interações entre a gipsita e a água.

Sabendo-se disso, fica clara a importância da descoberta, o veio de gipsita intacto, no local de origem, dá aos pesquisadores novos caminhos de estudo e uma certeza: Marte já foi um planeta com água corrente.

 

Dica de leitura: Para quem ficou interessado no mineral, é recomendada a leitura da ficha completa do mesmo disponível aqui e também da tese de doutorado recentemente publicada a respeito da adsorção de água em gipsita que pode ser baixada aqui.

Bom Estudo!

 

Fontes:

SANTOS, Jaciara Cássia de Carvalho. Estudo da adsorção de monocamadas de água em gipsita (010) através de óptica não linear. 2017. Tese (Doutorado em Física Aplicada) – Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2017. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/76/76132/tde-24102017-151644/>. Acesso em: 2018-01-08.

NASA. NASA Mars Rover Finds Mineral Vein Deposited by Water. Disponível em: <https://www.nasa.gov/home/hqnews/2011/dec/HQ_11-403_Mars_Rover_Gypsum.html>  Acesso em: 08 de Janeiro de 2018

Jet Propulsion Laboratory. NASA Mars Rover Finds Mineral Vein Deposited by Water. Disponível em: <https://www.jpl.nasa.gov/news/news.php?release=2011-377> Acesso em: 08 de Janeiro de 2018

 

 

Comentários

  1. Aline disse:

    Impressionante.

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